sábado, 22 de fevereiro de 2020

Doping e seus Tentaculos

Nos últimos cinco anos, a Agência Mundial de Antidoping (sigla em inglês: WADA) registrou um aumento de 126% no número de atletas que se envolveram com dopagemEm um cenário onde cada milésimo de segundo é decisivo, os dados refletem um dos períodos do esporte que mais têm se exigido dos atletas. Hoje em dia, os treinamentos procuram sempre atingir o limite do esportista. O problema é que nem todos suportam o ritmo do dia a dia. Por conta disso, alguns usam produtos para obter o melhor resultado possível. Alguns são proibidos, outros não, e outros sequer são detectados nos exames convencionais,Há uma enorme pressão para obtenção de resultados expressivos. Tais resultados implicam maior possibilidade de patrocínios, de participar das melhores competições, de maiores prêmios financeiros e outros suportes importantes. Várias correntes consideram essa busca desenfreada por resultados, que geram mais recursos aos atletas, um dos principais responsáveis pelo aumento do doping.os ídolos do esporte têm papel fundamental no processo educacional de jovens.

Escândalos como o de Armstrong afetam a imagem pessoal do esportista e de pessoas que nele se inspiram. Ao mesmo tempo, o episódio pode possibilitar a motivação para novas conquistas. O Estado deve agir no processo de formação dos atletas: investimento qualificado que permita preparação atletas desde a base até o alto rendimento. Esse processo deve considerar não apenas os aspectos técnicos, atléticos, científicos e nutricionais, mas aspectos educacionais e de valores para que o atleta tenha condições de resistir às pressões sabendo que estará assistido (pelo Estado) se os resultados não acontecerem. Sua formação não o isolará da sociedade caso não venha a se tornar um atleta de alto rendimento. Estará apto a dar prosseguimento em sua vida profissional.a vitória precisa respeitar regras institucionalizadas, além dos limites éticos e morais, como forma de impedir um ganho “artificial” e garantir uma competição justa. No mundo do esporte, o doping consegue quebrar todas estas regras.

Outra análise também nos leva a pensar sobre aquilo que hoje se entende por “indústria do doping”. Sim, ela gera muitos dividendos. Fiscalizar e combater o doping envolve custos elevados. Há vários atores envolvidos. Os escândalos, via de regra, não atingem apenas os atletas, mas também os patrocinadores, os dirigentes, instituições esportivas, a indústria farmacológica, médicos, entre outros.               

 Estima-se que as vantagens financeiras obtidas pela indústria farmacológica, pelos laboratórios de aplicação de testes, pelos médicos e “fiscais” do comitê antidoping das organizações esportivas, podem ser maiores se o doping permanecer na ilegalidade. Um possível controle social representaria a divisão de recursos, o pagamento de impostos e a conseqüente responsabilização jurídica e financeira. Não vamos entrar no mérito dessa questão.               

 Como a história nos ensina, o maior prejudicado mesmo é o próprio atleta, que tem a sua imagem de “detentor dos valores saudáveis, éticos e morais” deteriorada.Sou da opinião que doping é totalmente compatível com esporte de alto desempenho. O público que financia a própria existência desses atletas está cagando e andando para prática esportiva saudável.Eles precisam pagar suas contas, oras. E vamos concordar que depois de passar uma década ou mais concentradíssimo em apenas um esporte, o atleta não é exatamente uma pessoa com chances no mercado de trabalho tradicional. Ou eles ganham dinheiro com o esporte, ou estão na merda.Exigimos dos atletas que eles se fodam todos para conseguir resultados positivos. Esse negócio de que o “importante é competir” vale para tirar sarro de perdedor e de vez em quando para criar um momentinho emocionante nas Olimpíadas.Quando se chega num grau de competição absurdo feito o do ciclismo de alto nível (caso do Lance), ou se dopa, ou fica para trás de outro que se dopou. Ou o atleta entra no esquema, ou perde seu potencial de ganhar a vida. E para o grande público, é tudo a mesma coisa. Ninguém liga se o atleta está destruindo seu corpo para alcançar o resultado, as pessoas querem títulos, medalhas e hinos tocando na cerimônia de premiação.